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quarta-feira, 8 de maio de 2013

Shopping é acusado de impedir entrada de deficiente no Acre; MP investiga



  • Mário William, de 44 anos, diz ter sido barrado por segurança em porta de shopping de Rio Branco
    Mário William, de 44 anos, diz ter sido barrado por segurança em porta de shopping de Rio Branco
A Promotoria Especializada na Defesa da Cidadania do Ministério Público do Acre abriu investigação, na manhã desta quarta-feira (8), contra o Via Verde Shopping, o único de Rio Branco, após o deficiente físico Mário William, de 44 anos, ter sido barrado por um segurança na porta do estabelecimento. O suposto constrangimento ocorreu na tarde do último domingo (5) e foi testemunhado por um motorista de ônibus, pela cobradora e pela funcionária de uma lanchonete.
"Isso é revoltante. Não vai ficar barato", disse o promotor Rogério Voltolini, para quem "o crime de preconceito está evidente". A Promotoria de Defesa do Consumidor também entrou no caso. Ao retornar para casa, chorando, Mário disse que queria comprar um presente para a mãe.
Ele foi acolhido pelo casal Márcio Gley Gomes de Souza, 39, e Lenira Souza, 64, e tem outros dois irmãos excepcionais. O rapaz possui dificuldades motoras, em razão de ter nascido com paralisia cerebral e fala com muita dificuldade. Porém, por recomendações médicas, é autorizado pelos pais a sair de casa sozinho.
Ele é visto diariamente caminhando pelo comércio, e naquele domingo decidiu visitar o shopping, pela primeira vez, numa viagem de 20 minutos de ônibus a partir do Terminal Urbano que fica no centro da cidade.  "Não temos dinheiro, mas meu filho é bastante rico de espírito e extremamente inteligente", disse o pai.
As testemunhas e o segurança que barrou a vítima serão ouvidas no MP. O ouvidor do MPE, promotor Carlos Maia, também acompanha a investigação que, segundo afirma, "pode resultar em inquérito policial". Ele explica que "não há previsão legal para impedir o acesso de deficientes em quaisquer estabelecimentos públicos".
Os promotores orientam a família de Mário a buscar apoio jurídico de um defensor público, numa provável ação por danos morais contra o shopping. "Este rapaz tem os mesmos direitos dos não-deficientes. Aliás, tem mais direitos ainda por ser protegido por lei", disse Voltolini.

Outro lado

Jean Pierre Hass, diretor do shopping, afirmou haver gravações do circuito externo mostrando o momento em que o deficiente chegou acompanhado de duas pessoas (a cobradora e o motorista do ônibus).
Segundo ele, abordagem do segurança foi para oferecer uma cadeira de rodas "para conforto e segurança do rapaz, pois imaginou-se que ele estaria acompanhado por familiares". A direção da empresa, porém, não descarta a hipótese de Mário ter sido confundido com pedinte e reafirma tratar a todos sem desprezo.

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