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domingo, 27 de fevereiro de 2011

Depois de passar fome, Waiãpi é a primeira mulher indígena a virar militar no Brasil


Do interior da floresta amazônica, aos 14 anos, ela resolveu ir para a cidade, mendigou e passou fome, aprendeu a ler e foi condecorada com diversas medalhas de literatura. Estudou artes, foi atleta, virou fisioterapeuta e cursa hoje a terceira graduação em saúde. Essa é a trajetória de Silvia Nobre Waiãpi que, aos 35 anos, tornou-se a primeira militar indígena a integrar as Forças Armadas no Brasil, no último dia 3 de fevereiro.

A índia disputou uma vaga com 5.000 candidatos e foi aprovada com uma das melhores pontuações no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Rio de Janeiro, onde concluiu o treinamento e hoje serve no Hospital Central do Exército como aspirante. Depois de seis meses, será promovida a 2º tenente.

Primeira mulher indígena a virar militar no Brasil


“Eu queria estudar, mas enquanto mulher indígena era muito difícil”, contou ao UOL Notícias. Natural do Estado do Amapá, Silvia nasceu na aldeia da etnia Waiãpi no Parque Indígena do Tumucumaque, extremo norte do país, na fronteira com a Guiana Francesa. Os cerca de 700 Waiãpi que existem hoje ocupam, há mais de dois séculos, os confins da Amazônia brasileira, entre os rios Jari, Oiapoque e Araguari. Da aldeia ao centro urbano mais próximo são, pelo menos, dois dias de viagem de estrada de terra batida e barco.
Silvia conta que, aos 4 anos, sofreu um grave acidente e ficou hospitalizada por meses na capital Macapá. “Aproveitei para estudar”, afirma.

A índia se tornou mãe aos 13 anos, decidiu abandonar a aldeia e se mudar para o Rio de Janeiro. “Vim sozinha. Não conhecia ninguém, dormi nas ruas por alguns meses. Eu tinha uma pedra, que acreditava que era sagrada, e a vendi para comer. Com aquele dinheiro eu consegui comer uns dois dias. Depois comecei a vender livros de porta em porta”, lembra.

Ainda adolescente, Silvia começou a declamar poesias e diz que foi incentivada a escrever pela Associação Profissional de Poetas do Estado do Rio (APPERJ). Ela resolveu estudar artes e ganhou prêmios por seus poemas: a medalha Cultural Castro Alves, a medalha Monteiro Lobato e também um prêmio de jovem escritora da Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul.

“Eu a conheci novinha, lembro perfeitamente daquele período. Era muito esperta, ativa e simpática. Eu tinha um carinho enorme por ela”, conta Messody Benoliel, uma das sócias fundadoras da (APPERJ). Hoje, aos 77 anos, Messody lembra que, no início dos anos 90, Silvia frequentava os encontros literários todas as terças-feiras, em Copacabana. “Eu a considero uma profissional. Ela entrava no palco e declamava muito bem as poesias.” Os poemas, lembra, falavam sobre temas da floresta. A última vez que as duas se encontraram foi num evento em 2010. “Para mim é uma surpresa saber que a Silvia é a primeira índia no Exército”, disse.

Da arte para o esporte
O esporte foi a paixão seguinte da indígena. Disposta a aprender a correr, ela foi motivada por um técnico do clube Vasco da Gama. “Me apaixonei pelo esporte”, disse Silvia, que deixou as artes e direcionou os estudos para a área da saúde e fisioterapia ligada ao esporte.

“Não me causa espanto que ela tenha sido a primeira índia a entrar para o corpo das Forças Armadas”, disse ao UOL Notícias Cristiano Viana Manoel, 27, fisioterapeuta que durante quatro anos acompanhou de perto a trajetória de Silvia como atleta. “Nos conhecemos na concentração de atletas que o clube tinha em Teresópolis. Éramos sete homens e três mulheres e uma rotina intensa de treinamento. A Silvia se dedicava muito tentando se superar. Eu digo superação porque, na época, ela sofria de problemas de saúde e às vezes passava mal e até chegava a desmaiar nas competições.”

O caminho dos colegas voltou a se cruzar em 2003, quando estudaram fisioterapia juntos na Unisuam (Centro Universitário Augusto Motta), no Rio. Lá eles formaram uma equipe de atletas que recebiam bolsa da universidade para competir. De atleta, Silvia passou a ser coordenadora da equipe de atletismo na universidade. “Nós fomos tricampeões no circuito esportivo da Universidade de São Paulo, conhecido como a Volta da USP em 2003, 2004 e 2005”, relembra Cristiano.

Aprovada na Marinha e Exército
O contato de Silvia com o mundo militar se deu quando trabalhava como fisioterapeuta e acompanhava um grupo de fuzileiros navais. Resolveu concorrer à carreira de militar e prestou concurso em 2009, quando foi reprovada. Tentou pela segunda vez, no ano seguinte, a Marinha e o Exército.

“Fui aprovada nos dois e escolhi o Exército. A seleção foi dura, fui convocada para fazer prova oral, teve análise de títulos e currículo, depois fiz um teste físico”, afirma.

Na formação de 45 dias para ser oficial do Exército, Silvia era uma das 37 mulheres no treinamento. Hoje, ela divide o seu tempo no Exército, em cursos de especialização em saúde pública na UFF (Universidade Federal Fluminense), gênero e sexualidade na UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e está começando agora a cursar a sua terceira graduação, em gestão hospitalar numa universidade particular.

Retorno para a aldeia
Desde que deixou sua aldeia, Silvia voltou apenas quatro vezes para visitar o povo Waiãpi. A última vez foi há sete anos. “É muito longe e caro. Cada vez que vou lá é uma surpresa. Às vezes a gente se fala por telefone quando eles estão numa outra aldeia de povos amigos, que tenha sinal de telefone.”

Na sua aldeia, nem todos os índios sabem falar português e os mais velhos “preferem não saber o português”.

Silvia acredita que carrega a responsabilidade de “abrir espaços ainda não alcançados”. Como colaboradora do Conselho Nacional da Mulher Indígena (Conami), ela defende o fortalecimento da expressão dos povos indígenas. “Quero abrir uma nova ponte para mulheres índias no Brasil, não só nas Forças Armadas, mas em outros segmentos. Já tenho amigas que disseram que agora vão se preparar para entrar nas forças.”

Hoje, Silvia vive com seus três filhos e uma neta de quatro meses no Rio de Janeiro. Ela casou recentemente com um militar do Exército. Quando veio ao Rio, a índia já era mãe de Ydrish, hoje com 22 anos e estudante de farmácia. Depois, aos 15 anos, Silvia teve Tamudjim, que cursa direito, e, cerca de dois anos depois, teve Yohana, que está começando a estudar relações internacionais.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Obesa ganha indenização após constrangimento em ônibus no RS

Imagem Ilustrativa

Uma passageira obesa que não conseguia passar pela catraca do ônibus ganhou indenização de R$ 3.000 na Justiça após ter sido impedida pelo motorista de descer pela porta da frente. A decisão é da 3ª turma recursal de juizados especiais em São Leopoldo (RS).

Em depoimento à Justiça, a dona de casa Vania Denize Felten, 54, disse que fazia o mesmo trajeto todos os dias e costumava descer pela porta da frente, mas naquele dia teve o acesso negado pelo motorista. O problema ocorreu em 24 de outubro de 2009.

'Já era costumeiro eu descer pela porta da frente, mas nesse dia o motorista fechou a porta. E disse pra mim que no carro dele só quem descia pela frente era idoso e que se eu comesse menos eu passava na roleta', conta.

Ela também afirmou que foi alvo de piadas dos passageiros que estavam no ônibus da Viação Sinoscap. Conforme depoimento de testemunhas, um homem que estava ao lado do motorista e aparentava ser funcionário da empresa também insultou a passageira.

Após momentos de discussão, o motorista resolveu deixar que ela desembarcasse pela porta da frente. Uma passageira que esperava para embarcar contou à Justiça que, assim que a mulher saiu, outro passageiro gritou pela janela: 'Feche a boca, gorda'.

A decisão foi tomada no final de janeiro deste ano. A mulher deve receber uma indenização no valor de R$ 3.000 por danos morais.

O advogado de Vania, Alessandro Becker, comemorou a decisão. 'Já tínhamos ganhado o processo, mas a empresa de transporte recorreu e o tribunal manteve a decisão. O valor da indenização é irrisório, mas o erro foi reconhecido e a justiça foi feita', disse.

A Folha tentou entrar em contato com a Viação Sinoscap, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Profissionais do CAPS pedem socorro à Câmara Municipal

Na tarde desta segunda-feira (21), membros da Associação do serviço de saúde mental, mais
conhecido como Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Iara Silveira Costa (psicóloga) e Josuelito
de Jesus Santos foram pedir socorro e ajuda a Câmara Municipal de Salvador (CMS).
De acordo com Iara Silveira o serviço passa por dificuldade e precisa de ajuda. “Estamos aqui para
pedir melhores condições de trabalho. Estamos aqui também para pedir sobre a saúde mental
antimanicomial, para que as pessoas sejam removidas e sejam tratadas de forma mais humana, junto
com a família, que é aí que entra o CAPS. Hoje já temos 18 CAPS. Os profissionais de higiene não
têm segurança, alimentação, trabalhamos nas instalações precária”, revelou a psicóloga.
Para a vereadora Vânia Galvão (PT) é momento de solidariedade e o problema decorre da falta de
gestão do prefeito João Henrique. “O que acontece hoje é a crise do que acontece com o nosso
município. Problemas relacionados com a crise que debatemos aqui diariamente. Falta de
compromisso do Prefeito João Henrique. Já tivemos Seis secretários de saúde e não vislumbramos
nenhuma solução imediata. Que o gestor público priorize a saúde” revelou.
Clipping
A vereadora Aladilce Souza (PCdoB) que ouviu atentamente ao manifesto da classe deu seu parecer
e se solidarizou perante a classe confirmando o que Vânia Galvão havia dito. “Estamos com uma
crise grave de gestão da Prefeitura de Salvador. Precisamos ter um serviço para ajudar a reerguer,
cobrar do prefeito e secretário da fazenda pelo dinheiro para à saúde”, disse.
Para finalizar a vereadora falou sobre a mudança de partido de João Henrique. “Diversas vezes ele
mudou de partido, mas só foi piorando. Não significou nenhum fortalecimento para a cidade e com
isso não passa credibilidade nenhum para a própria”, revelou.

Crise na Saúde compromete atendimento nos CAPS de Salvador

Iara Costa e Joselito Santos, representantes da Associação Metamorfose Ambulante – Coletivo de
Profissionais, Usuários e Familiares de Pacientes com Transtornos Mentais, ocuparam a Tribuna
Popular da Câmara Municipal de Salvador, na sessão desta segunda-feira (dia 21), para denunciar a
situação crítica do atendimento nos 18 Centros de Atenção Psicossocial de Salvador (CAPS). Eles
enumeraram uma série de deficiências do setor, como falta de segurança, higienização, material,
alimentação para os pacientes das oficinas terapêuticas e transporte para atividades extra-muros;
instalações inadequadas; equipe técnica insuficiente; e vínculos trabalhistas precários.
“A situação é caótica. Os CAPS estão entregues nas mãos de quem não deveria. Equipes que davam
certo foram desmontadas por indicação política”, protestou Joselito Santos. Ele sugeriu uma visita
de vereadores às unidades, para constatar a situação e ajudar a encontrar soluções.
O representante da entidade fez questão de deixar claro que as unidades são fundamentais para o
tratamento das pessoas com transtornos mentais: “Mesmo sucateados, os CAPS ainda são melhores
do que o melhor dos manicômios”.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Biblioteca atenderá pessoas com deficiências

Sapucaia do Sul - Na cidade de Sapucaia do Sul a possibilidade da leitura não se restringirá aos olhos.

Com média 93, o Município ficou em primeiro lugar na categoria Apoio a Bibliotecas Acessíveis no Programa Mais Cultura do Governo Federal. Com a aprovação do projeto, enviado pela Secretaria Municipal de Trabalho, Cidadania e Economia Solidária, serão investidos R$ 106 mil na Biblioteca Pública Euclides da Cunha, por meio de uma parceria entre o Governo Federal e a Prefeitura. Com o recurso a biblioteca será remodelada para atender pessoas com deficiências.
Para que a biblioteca possa atender pessoas portadoras de deficiências, serão adquiridas 300 obras literárias, em braile, multimídia, entre outras; equipamentos de informática, como teclado e impressora em braile, mouse adaptado, fones de ouvido e softeware para conversão de texto em áudio; equipamentos eletrônicos e mobiliários. Os funcionários também passarão por cursos de capacitação de libras e braile.
Segundo a coordenadora do projeto na Secretaria do Trabalho, Cidadania e Economia Solidária e presidente do Conselho Municipal do Direito das Pessoas com Deficiência, Alessandra Francisco Fernandes, o local também ganhará uma programação sócio-cultural. Neste ano, a Biblioteca Pública Euclides da Cunha atenderá em novo endereço. Os mais de 8 mil livros do acervo estão sendo organizados na Avenida Mauá, nº 2290, centro. A previsão é que a biblioteca seja reaberta em fevereiro, junto com o início do ano letivo.

O Portador Caiu. Falando sobre Deficiência. Dicas Rápidas para Jornalistas.

Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência:
- Ratificada pelo Congresso em 2008 com força constitucional.
- Mudança – a sociedade é que é inacessível.

Termos:
O PORTADOR CAIU. PESSOA COM DEFICIÊNCIA é o termo correto e legal desde a Convenção. Quem tem deficiência pode portar bengala, cadeira, mas a deficiência continua lá.
Tipos de deficiência – Use os termos escolhidos pelas próprias pessoas com deficiência:
- sensorial – visual (cego e baixa visão) e auditiva (surdo)
- intelectual (síndrome de Down e outros)
- física (paraplégico, tetraplégico, amputado…)
- múltipla (mais de uma deficiência, surdo-cego, etc)

Ex: pessoa com deficiência física, aluno com síndrome de Down, secretária com deficiência múltipla, jovem com deficiência intelectual, rapaz surdo, criança cega, etc.

Acessibilidade:
- Falta de acessibilidade, inclusive na comunicação (impressa, sites, etc). Quando postar uma foto ou mandar um email, faça a descrição da imagem, inclusive de convites em arquivo de imagem (jpg, etc). A regra é: tudo que não pode ser iluminado com o cursor não dá pra ser lido pelo ledor de texto do computador usado por quem é cego ou tem baixa visão.

Educação:
- A educação inclusiva em escola regular fica garantida. A desculpa de que a escola não está preparada para receber estudantes com necessidades educacionais específicas constitui crime constitucional.
- O ensino especial deve dar suporte para o aluno frequentar a escola regular.
- As escola, públicas e privadas têm que provar ao Ministério Público que lançaram mão de todos os recursos possíveis antes de dispensar qualquer estudante.

Trabalho:
- A incapacidade deve ser encarada apenas como mais um atributo do cidadão. Por exemplo, a empresa que diz que não pode contratar para cumprir a legislação de cotas é que tem a obrigação de buscar meios de se adaptar.

Como o coleguinha pode ajudar?

Inclusão leva à Inclusão – Mostre atitudes e histórias inclusivas.

- A Convenção ainda é desconhecida de juízes e das próprias pessoas com deficiência. Ajude a torná-la conhecida citando-a nas matérias.

- Entreviste as próprias pessoas com deficiência, não seus acompanhantes ou especialistas.

- Evite a exploração da imagem do coitadinho, da tragédia, da desgraça.

- Procure abordar temas que afetem a qualidade de vida do cidadão com deficiência como transporte, moradia e saúde acessíveis, escola, oportunidades de tabalho e discriminação.

- Fuja da palavra especial. Ela foi usada durante muito tempo como um eufemismo, para “compensar” a deficiência. Ainda é usada referente à educação (necessidades educacionais especiais), mas mesmo aí é preferível e mais correto dizer necessidades específicas.

- Tome cuidado com histórias de superação, heroísmo. Tente mostrar o personagem como uma pessoa qualquer, use uma abordagem positiva, mas sem ser piegas.

- Não reforce esteriótipos: (trabalhadores com deficiência são melhores e mais esforçados do que os trabalhadores sem deficiência, chegam na hora, não faltam… pessoas com síndrome de Down são anjos, tão ingênuos e carinhosos… funcionários cegos tem tanta sensibilidade… etc. )

- Prefira palavras neutras – ocorrência, evento, condição…

- Não use palavras negativas (defeituosa, excepcional, doença, erro genético, paralítico, ceguinho, mudo, mongolóide, retardado, mutação, sofrer, anomalia, problema, acometer, risco, preso ou condenado a uma cadeira de rodas… etc)

Ex: O risco de uma mãe ter um filho com síndrome de Down aumenta com a idade.
A probabilidade de uma mãe ter um filho com síndrome de Down aumenta com a idade.

Na primeira frase, ao usar a palavra risco, faz-se julgamento de valor, induzindo o leitor a pensar a síndrome de Down de forma negativa.

Para maiores informações:

Texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6949.htm
Convenção: a carta de alforria das pessoas com deficiência
http://www.inclusive.org.br/?p=3307
Terminologia
http://www.inclusive.org.br/?p=41
Inclusão é mais rápida com o apoio da mídia
http://www.inclusive.org.br/?p=18150
Lei da Acessibilidade – LEI Nº 7.853, DE 24 DE OUTUBRO DE 1989.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7853.htm
Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa:
I – recusar, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, por motivos derivados da deficiência que porta;
II – obstar, sem justa causa, o acesso de alguém a qualquer cargo público, por motivos derivados de sua deficiência;
III – negar, sem justa causa, a alguém, por motivos derivados de sua deficiência, emprego ou trabalho;
IV – recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar de prestar assistência médico-hospitalar e ambulatorial, quando possível, à pessoa portadora de deficiência;
V – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei;
VI – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil objeto desta Lei, quando requisitados pelo Ministério Público.

Por Patricia Almeida
Inclusive – inclusão e cidadania

Dúvidas? Sugestões? Escreva para a gente – inclusive@inclusive.org.br

Carta aberta da sociedade civil sobre a comissão de defesa dos direitos da pessoa com deficiência


Segue abaixo carta aberta da sociedade civil ao Sen Lindbergh Farias para a adesão de assinaturas. Nestes últimos dias acompanhamos movimentos no Senado e na Câmara em relação aos projetos de lei sobre Pessoas com Deficiência. No bojo deste movimento, propôs o Sen Lindbergh a criação de uma comissão temporária para aperfeiçoamento da legislação sobre os direitos das Pessoas com Deficiência. Antecedendo a formação desta comissão o mencionado senador convocou a sociedade civil para uma reunião aberta no proximo dia 21, as 15hs, no Senado. Como o tempo é muito curto, vãrias lideranças não poderão comparecer e não poderão ser ouvidas. Por este motivo, estamos propondo o envio desta carta aberta da sociedade civil. Se você está de acordo com o texto, a sua assinatura com o seu nome, e/ou o nome da sua organização ( origem local, estadual, nacional ou internacional ) será de grande importância para defender a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e para balizar um processo de real consulta e participação da sociedade civil.

Se concondarem, assinem e divulguem!

Obrigada!
Regina Atalla
Claudia Grabois
Alexandre Mapurunga
Carta Aberta da Sociedade Civil
Ao Senador Lindbergh Farias

Ao tempo que enviamos cordiais saudações, gostaríamos de parabenizar V. Exa. pela iniciativa de consultar e contar com a participação da sociedade civil neste processo de aperfeiçoamento da legislação sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, atitude que demonstra respeito para com os protagonistas desta luta, cuja história e militância nos credenciam e nos qualificam como legítimos interlocutores e especialistas neste complexo tema.

Na impossibilidade de estarmos presentes na Reunião Preparatória que irá discutir, dentre outros temas, o Aperfeiçoamento da Legislação sobre Direitos das Pessoas com Deficiência, conforme Requerimento de sua autoria para constituição da Comissão Temporária Interna sobre o referido assunto, no dia 21 de fevereiro, nós, ativistas e representantes de organizações da sociedade civil, abaixo assinados, gostaríamos de registrar o seguinte.

1 – Qualquer aperfeiçoamento da legislação sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência deve estar em consonância com a Convenção sobre os Direitos da Pessoas com Deficiência, ratificada pelo Brasil como emenda constitucional, cujo texto foi construído com intensa participação da sociedade civil dos países membros da ONU, inclusive do Brasil, que adotou o seguinte lema: Nada sobre as Pessoas com Deficiência, sem as pessoas com Deficiência!

2 – Esta Convenção internacional, que é o primeiro tratado de Direitos Humanos do Século XXI, especialmente dirigido aos 650 milhões de pessoas com deficiência, em todo o mundo, já ratificado por 97 países, incorpora avanços e mudanças profundas na abordagem e no tratamento dos direitos desta parcela da população no campo civil, social, político, cultural, econômico que não podem mais ser desconsideradas em qualquer iniciativa legislativa sobre a área.

3 – É preciso que todos os parlamentares saibam que 70% das pessoas com deficiência em nosso país vivem em situação de pobreza ou de extrema pobreza; mais de 50% das crianças e jovens com deficiência estão fora da escola; os índices de desemprego são alarmantes, que o direito de ir e vir ainda não é uma realidade para a maioria deste grupo. Estes indicadores resultam de um processo histórico de marginalidade social e preconceito, que exige respostas firmes e urgentes de nossos representantes e tomadores de decisão para mudar esta realidade e restaurar a cidadania e a dignidade de 27 milhões de brasileiros e brasileiras com deficiência.

4 – Que é fundamental iniciar um trabalho educativo, através de seminários, com os parlamentares, para que conheçam e dominem todos os dispositivos deste tratado, tendo em vista a melhor compreensão de princípios chaves que devem orientar toda proposta legislativa.

5 – É necessário desenvolver um processo de discussão com a intensa participação da sociedade civil organizada, com seriedade, tempo e profundidade para a proposição da regulamentação de vários dispositivos deste tratado internacional que, por sua generalidade, exigem detalhamento para conferir maior efetividade a sua aplicabilidade.

6 – Considerando o exíguo tempo de convocação desta reunião, fato que limita a participação de lideranças do movimento, uma vez que a mobilidade das pessoas com deficiência é mais restrita e que a maioria das organizações não contam com recursos econômicos para o financiamento de viagens aéreas, solicitamos que a próxima reunião seja convocada com pelo menos 1 mês de antecedência para que tenhamos condição de mobilizar os recursos para tal participação e para que o objetivo de contar com ampla e diversa representatividade neste processo que ora se inicia possa ser cumprido.

Assinaturas:

1. Regina Atalla – Presidente da Rede Latino-Americana de ONGs de Pessoas com Deficiência e suas Famílias – RIADIS – Diretora do CVI Brasil, Diretora do CVI Bahia, Ex conselheira do CONADE.

2. Claudia Grabois – Advogada – Ex pres da FBASD e ex CONADE, ativista do movimento de defesa dos direitos humanos/pessoas com deficiência – Rede Inclusiva e Meta Social – RJ, ex diretora do IHA-RJ moderadora e mobilizadora em redes sociais na internet.

3. Alexandre Mapurunga – Diretor Jurídico da Associação Brasileira por Direitos das Pessoas com Autismo – ABRAÇA. Membro MPcD Ceará e da Casa da Esperança.

4. Adelino Ozores – Bacharel em Direito; Repórter TELELIBRAS da ONG Vez da Voz; Membro da Comissão Organizadora da Rede Atitude. São Paulo – SP.

5. . Águeda Maria G. Coelho – Servidora Pública, Fortaleza/Ceará

6. Alessandro Camara de Souza, cientista social, mestre em ciências políticas e assessor da Secretaria Municipal de Acessibilidade e Cidadania de Niterói. RJ.

7. Alex Garcia – Pessoa Surdocega. Presidente da Agapasm. Especialista em Educação Especial. Líder Internacional para o Emprego de Pessoas com Deficiência (I-LEAD) Mobility International USA. Membro da World Federation of Deafblind. Escritor e Colunista da Revista REAÇÃO e do Portal Planeta Educação. RS.

8. Alexandre Cassiano de Andrade, SAC (Soc. Assistência ao Cego do Ceara), MOVIMENTO DOS SEM CALÇADAS DE FORTALEZA CEARÁ. deficiente visual, estudante da UECE/CE

9. Ana Cris Ferreira – Centro de Vida Independente de Niterói – CVI Niterói.

10. Ana Christina de Albuquerque Ferret – Pedagoga -na luta por uma Educação Inclusiva ha 21 anos na EM Vitor Meireles – RJ.

11. Anahi Guedes de Mello, cientista social, pesquisadora do Núcleo de Estudos sobre Deficiência – NED/UFSC, RG: 3.306.400. SC.

12. Anastázia Ladeira – Professora e ativista do movimento de defesa dos direitos das pessoas com deficiência.

13. Angela Goes - Profa. Aposentada, Bacharelanda em Direito, Especialista em Direito Público – Itabuna – BA

14. Antonio Santos Pereira – Militante do Movimento de Pessoas com deficiência – Artista - Integrando do Grupo Perspectivas em Movimento.-BA.

15. Antonio R. Navarro – Professor.

16. Argemiro de Paula Garcia Filho – coordenador da Associação de Familiares e Amigos da Gente Autista – AFAGA – BA

17. Arnaldo Fernandes – Graduado em Direito, Assessor Parlamentar em Fortaleza e membro do Movimento de Pessoas com Deficiência. CE.

18. Bárbara Parente – Bacharel em direito, pós-graduanda em Segurança Pública e Direitos Humanos, ativista do movimento de defesa das pessoas com deficiência – Blog Conversando sobre Inclusão.

19. Benvinda Maria de Sá, R.G. 8.412.736, MOVIMENTO DOS SEM CALÇADAS, FORTALEZA-CE, voluntária do LIVRO FALADO.

20. Breno Viola – Rede Inclusiva – RJ.

21. Carla Codeço Arquieta – RJ – moderadora dos grupos de discussão Sindrome de Down RJDown.

22. Carlos Raugust – Vice-Presidente da APNEN, Membro do Conselho Municipal de Direitos da Pessoa Portadora de Necessidades Especiais de Nova Odessa, Membro do Conselho Municipal do Meio Ambiente, do Conselho da Habitação, Conselho da Alimentação, Conselho da Saúde.

23. . Claudia Aguiar – ativista do movimento de defesa dos direitos das pessoas com deficiência-Petrópolis RJ.

24. Cláudia de Noronha Santos – Advogada e licenciada em Letras, integrante das listas de discussão intituladas RJDown, Síndrome de Down e Happy Down

25. Claudio Vereza – Deputado Estadual/PT/ES – Presidente da Frente Parlamentar Estadual em Defesa da Assistência; Vice-presidente das Comissões de Constituição e Justiça e de Cultura e Comunicação Social da Ass. Legislativa-ES – Membro do Conselho Deliberativo da Apae/Vitória/ES.

26. Deborah Maria Prates Barbosa – Advogada cega usuária de Cão-Guia – RJ.

27. Evangel Vale – Vice-Presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Bahia – Conselheiro do CONADE – BA.

28. FABIO FERNANDES DA SILVA = JORNALISTA- REPORTER DA PREFEITURA DO RJ (PARALISIA CEREBRAL)

29. Francisco Nuncio Cerignoni – RG 4800221 – Federação das Fraternidades de Pessoas com
Deficiência do Brasil – FCD Brasil.

30. Carmelita Lopes - HUMANITAS – Direitos Humanos e Cidadania

31. Celia Neder Kalil Mangabeira, médica, Coordenadora do Programa de Educação
da Universidade Estadual de Santa Cruz Aprendendo Down. Presidente do Núcleo Aprendendo Down, associação filiada a FBASD.- BA

32. Cleide Ramos Reis – Promotora de Justiça – MP – BA.

33. Deline Cutrim de Lima- Coletivo de Mulheres com deficiência do Maranhão.

34. Domingos Sávio Tavares Timbó – Existir/Associação Inclusiva de fortaleza – CE

35. Elza Ambrósio – Memorial da Inclusão: os Caminhos da Pessoa com Deficiência – SP

36. Eurenice Farias Martins – Existir/Associação Inclusiva de Fortaleza – CE

37. Flavio Rossini – presidente do COMDEF Mesquita – RJ

38. Geraldo Nogueira – Presidente da COMISSÃO DE DEFESA DOS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA DA OAB-RJ – CDPD/OAB-RJ.

39. Hélio de Araújo – Professor e ativista do movimento de defesa dos direitos das pessoas com deficiência – PE.

40. Hélio Morais Pereira - Administrador de Empresas - Goiânia - Goiás – Deficiente visual e colaborador voluntário em entidades locais que apoiam os deficientes visuais.

41. Heloisa Helena Ferrari Chagas – Ex Diretora do CVI-Brasil, professora universitária, gestora pública – Movimento Independente das Pessoas com Deficiência do Paraná – PR

42. Isabel de Loyola e Silva – Servidora Publica Federal – (deficiência auditiva).

43. Isaura Maria Rodrigues – Abeadetins/almas -TO

44. Jaime Grabois – estudante de direito, irmão de adolescente com síndrome de down e ativista de Direitos Humanos. – RJ.

45. Jandira Griman – Rede dos Amigos Solidários -REASOL

46. Janine Andreiv Rodrigues, Técnica Judiciária Federal

47. Jefferson Mateus Silveira Bueno – Piracaia – SP.

48. João Eduardo Brasil Hass Gonçalves, Administrador Postal e Advogado, membro do MPcD – Movimento das Pessoas com Deficiência do Ceará e do UniversoDown

49. Jorge Marcio Pereira – DEFNET – SP.

50. Jose Carlos Brito Lacerda – representante das Pessoas com Deficiência do Núcleo de Educação Física e Esporte Adaptado da Universidade Estadual de Feira de Santana-Ba

51. Katia Ferraz Ferreira – Educadora Ambiental – Presidente do Centro de Vida Independente de Belo Horizonte – CVI-BH.

52. Katia Fonseca – Presidente do Conselho Nacional dos Centros de Vida Independente – CVI Brasil.

53. Kellerson Viana, Presidente do Conselho Municipal das Pessoas Portadoras de Deficiência de Belo Horizonte – MG

54. Lilia Pinto Martins – Presidente do Centro de Vida Independente do Rio de Janeiro – CVI-Rio

55. Liliane Garcez, Fórum Permanente de Educação Inclusiva – SP.

56. Liorcino Léo Mendes Pereira Filho – Bacharel em Direito, Jornalista e Coordenador Nacional da Articulação Brasileira de Gays – ArtGay.

57. Lisabeth Aleoni Arruda, ativista do movimento de defesa dos direitos das pessoas com deficiência.

58. Luciana L,Pomponio Pedagoga – ex Presidente do Conselho Municipal de Atenção à Pessoa Portadora de Deficiência – 2006-2007 de Vinhedo.

59. Luciane Maria Molina Barbosa, deficiente visual, pedagoga com atuação na educação inclusiva e formação de professores em AEE.

60. Luiz Henrique de Paula Conceição, Fórum Permanente de Educação Inclusiva – SP.

61. Luiz Eduardo dos Santos – Procurador de Justiça – Ceará

62. Marcelo de Santa Cruz Oliveira, advogado e vereador da cidade de Olinda pelo Partido dos Trabalhadores – PT, Identidade 667.365 SSP/PE.

63. Márcia Gori, Presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência/São José do Rio Preto – SP e Conselheira do do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa com Deficiência de SP.

64. Márcia Yáskara Guelpa – Presidente da CERCI – Centro de Estudos e Resgate da Cultura Cigana e representante da etnia cigana na Comissão Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais.

65. Marcio Castro de Aguiar – Vice-Presidente Adjunto para América Latina da
Rehabilitation International.

66. Maria Alice Máximo -

67. Maria de Lourdes Marques Lima- presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down-FBASD . DF.

68. Maria Lúcia F. Gonçalves – Membro Fundador do Movimento Orgulho Autista do Brasil, Conselheira de Saúde do DF e Membro da ABRAÇA.

69. Maria Madalena Nobre – representando o DFDown – DF

70. Mariene Martins Maciel – secretária da Associação de Familiares e Amigos da Gente Autista AFAGA – Conselheira do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Bahia. BA.

71. Marilza Vieira de Matos- Cega, filósofa e aposentada. BA

72. Marta Gil - Coordenadora Executiva do Amankay Instituto de Estudos e Pesquisas – SP

73. Maurício Coppini – Servidor Público – Filho de paciente com Esclerose lateral Amiotrófica – Voluntário do Grupo de Trabalho da ABRELA- Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica .

74. Melissa Bahia – Supervisora das Políticas de Empregabilidade para Pessoas com
Deficiência da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Estado da Bahia – SETRE – Conselheira titular do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência – COEDE-Bahia.

75. Messias Tavares – militante do movimento pelos direitos da pessoa com deficiência (FCD-ONEDEF-CONED-CONADE-IIDI).

76. Mônica Carvalho Gall Gagliardi Senra – estudante de Tecnologia de Informação.

77. Naira Rodrigues Gaspar – SP.

78. Narli Blanco Resende Pinto de Souza – Conselheira do Conselho Municipal de Saúde de Curitiba, Membro da comissão municipal de saúde da Pessoa com Deficiência de Curitiba, membro do FoPEI . PR

79. Naziberto Lopes de Oliveira – Psicólogo – Coordenador do MOLLA – Movimento pelo Livro e Leitura Acessíveis no Brasil. – SP.

80. Neivaldo Augusto Zovico – Professor, Coordenador Nacional de Acessibilidade para Surdos da Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos – FENEIS

81. Ninfa Cunha de Santana – Artista e Integrando do Grupo Perspectivas em Movimento Artístico e Cultural de Inclusão da Pessoa com Deficiência – Bahia.

82. Ortencio Sales Pessoa, PROJETO DE ASSEBILIDADE DA UFC-CE

83. Patricia Almeida, Presidente de honra do DF Down, Meta Social e Inclusive, moderadora dos grupos RJ Down e Síndrome de Down.

84. Paulo Romeu – criador do Blog da Audiodescrição. SP

85. Regina Cohen, Núcleo Pró Acesso e Rede Inclusiva – RJ.

86. Roberto Luiz Warken – Sociólogo, Especialista em Educação Sexual, Mestre em Educação e Cultura – Florianópolis – SC.

87. Ronaldo André Bácry Brasil, Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Manaus-CMDPD-MANAUS, Presidente do Centro de Vida Independente do Amazonas-CVI-AM.

88. Selene Penaforte – Doutora em Educação – Conselheira do Conselho Estadual de Educação do Ceará – Prof. universitária do curso de Especialização em Atendimento Educacional Especializado – UFC – RG: 2006009254250

89. Silas Lima – Servidor público, pessoa com deficiência física, voluntário (ativista digital) de entidade de defesa dos direitos dos deficientes visuais – Ismac-MS.

90. Sônia Maria de Oliveira, Assistente Social, Vice Presidente da Casa Esperança, Membro da ABRAÇA. CE.

91. Suely Viola – Rede Inclusiva – RJ.

92. Thereza Neumann Santos Freitas, Eng Eletricista – Presidente do Sindicato dos Engenheiros do Ceará – Senge – CE – Diretora da Federação Nacional dos Engenheiros e conselheira do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social e Conselheira do CREA – CE.

93. Tuca Munhoz – Pastoral das Pessoas com Deficiência da Arquidiocese de São Paulo e o Instituto MID para a Participação Social das Pessoas com Deficiência.

94. Waldir Macieira da Costa Filho, Promotor de Justiça dos Direitos da Pessoa com Deficiência no Pará, Vice-Presidente da AMPID, ex-conselheiro do CONADE. PA.

95. Wladmir gabriel Ronsini – Presidente da ADEFIP – ASSOCIAÇÃO DOS DEFICIENTES FÍSICOS DE POÇOS DE CALDAS-MG.

96. Xyco Theophilo, perambulante sobre rodas, Fortaleza – CE

97. Zenira Rebouças Ferreira – FCD/BA - (Fraternidade Crista de Pessoas com Deficiência

Referência – Lindbergh Farias quer comissão para aperfeiçoar legislação sobre pessoa com deficiência

Academias se adaptam para receber deficientes

Reduto de pessoas com corpos perfeitos e muita disposição, as academias muitas vezes são um ambiente hostil para quem tem algum tipo de deficiência física. Fazer exercícios, entretanto, é fundamental para a reabilitação física e psicológica de quem tem limitações de movimento. Pensando nisso, academias e até mesmo parques de São Paulo desenvolveram programas com equipamentos especiais para deficientes.

O biólogo Fernando Krynski, de 47 anos, perdeu grande parte do movimento das pernas após um erro médico há 15 anos. A vida na cadeira de rodas o fez deixar o trabalho de campo em sua área. Após anos fazendo reabilitação em centros de fisioterapia, ele resolveu experimentar a academia. “Na época eu achei que não ia dar para treinar. Antes da cirurgia nem fazia exercício, não gostava de academia, mas era muito ativo no trabalho. Depois, achei que faltava algo, alguma atividade.”

A escolhida pelo biólogo foi a Fórmula Academia, que tem sua unidade no Shopping Eldorado, na Zona Oeste da capital paulista, toda adaptada. “Quando entrei vi que tinha adaptação, elevador, os professores sabiam lidar com o aluno na cadeira de rodas”, conta ele, que chegou a nadar para competir, mas parou depois de desmaiar na piscina devido a um pico de pressão alta.

Hoje, faz musculação de três a quatro vezes por semana. Em algumas máquinas ele consegue fazer os exercícios sem deixar sua cadeira. Em outros, precisa se sentar no aparelho, o que não é um problema. “Mas preciso da ajuda do professor. Às vezes a máquina é com cabos, tem que puxar, e eu não tenho altura. Às vezes precisa apoiar as coisas, e não tenho um bom equilíbrio do tronco”, afirma Krynski.

Por isso, a academia conta com um ou dois professores por turno direcionados a atender os alunos com limitações. A grande maioria dos equipamentos é adaptada e conta com cintos, por exemplo. Para os exercícios aeróbicos, há uma “bicicleta” para as mãos na qual o cadeirante não precisa sair de sua cadeira de rodas.

“O professor acaba ficando de personal para o cadeirante. Ele precisa de atenção especial, e também trabalhamos a socialização. Na maioria dos exercícios nós temos que estar junto com ele”, diz a professora Daniela Gaudêncio. “Conseguimos adaptar os exercícios para trabalhar todos os grupos musculares. Além do aspecto funcional, dá para trabalhar a estética também.”

Além de fazer um trabalho específico para cada pessoa, verificando quais as suas limitações e a partir daí definindo os exercícios, as academias também trabalham com a socialização dos alunos. “O trabalho é direcionado com a proposta de, através dos exercícios, melhorar suas funções para as atividades da vida diária. Os exercícios são voltados para o fortalecimento, amenizar as assimetrias e integrá-los no meio ambiente da academia com a missão de fazer amigos e estarem bem fisicamente”, afirma Wilmar dos Santos Villas, da Cia Athletica, que cita a criatividade e o bom senso como armas dos professores.

Utilizando a cadeira de rodas desde a infância, a dançarina Sônia Maria Souza Alvim Crespo, de 50 anos, é muito popular na Fórmula. Em um grupo de dança para cadeirantes há dez anos, ela prega a terapia do movimento. “Você pode fazer movimentos através da dança, mesmo na cadeira você pode se soltar”, conta ela, que também faz musculação e alongamento. “Aproveito bastante o movimento dos braços, os pesos. Os professores também fazem movimentos com as minhas pernas, trabalham a musculatura.”

Sua colega Lina de Souza, de 42 anos, que perdeu o braço e a perna esquerdos em um acidente de trem quando tinha 16 anos, faz natação e compete. “Comecei a fazer exercícios há 12 anos. Eu nem queria, fui obrigada. Me mandaram para a natação, fiquei morrendo de vergonha, mas vi pessoas com situação pior que a minha. Nadar mudou a minha vida. Antes eu não fazia nada. Agora eu viajo, conheço pessoas, mudei minha cabeça”, conta ela.

O maratonista e professor de dança Alex de Souza, de 35 anos, já venceu diversas meias maratonas em sua categoria e está em período de treinamento para a próxima prova. Com uma prótese em formato de lâmina na perna direita, ele corre nas esteiras da academia sem parecer fazer muito esforço. Usando próteses desde os 3 anos, ele afirma que fazer os exercícios é um aprendizado constante. “Às vezes um exercício não dá certo, é tudo uma adaptação. A maior parte eu consigo fazer tranquilo, tem um ou outro que preciso adaptar, o professor dá as dicas. A academia é toda adaptada, isso facilita”, conta.

Todos eles, entretanto, concordam que fazer exercícios é fundamental. “Tanto para a cabeça quanto para a saúde física. Hoje a academia é o que me preenche. Meus braços são agora minhas pernas, uso o dia inteiro, a todo momento, tenho que fazer exercícios. E é diferente treinar dentro de um shopping, com gente bonita. Só de estar em um ambiente que não é um hospital já é um grande passo”, diz o biólogo Krynski.

Parque da Juventude

Quem não tem dinheiro para pagar uma academia mas quer fazer exercícios na cadeira de rodas pode utilizar os aparelhos adaptados instalados no Parque da Juventude, na Zona Norte de São Paulo, desde maio de 2010. São três conjuntos de equipamentos com atividades que podem ser feitas pelos cadeirantes – placas ao lado de cada um deles explicam como eles devem ser usados.

“Dá para a pessoa usar sozinha, são muito fáceis, muito simples, bem práticos, não é nada complicado. Está tendo um certo uso, não é tão grande, mais aos finais de semana. Mas o comentário que eles [os usuários] fazem é muito positivo. É difícil eles encontrarem esses equipamentos em outro local”, conta Paulo Pavan, diretor do parque.

Por enquanto, não há profissionais especializados para dar suporte. Os equipamentos estão instalados próximos à entrada da Avenida Cruzeiro do Sul, 2.630, ao lado da Estação Carandiru do Metrô. O parque é todo acessível e a área onde estão os aparelhos fica aberta das 6h às 18h30 – durante o horário de verão, o fechamento ocorre às 19h30.

Mulher é indiciada acusada de agredir atleta cego no Pará

A Polícia Civil do Pará indiciou uma mulher acusada de agredir o atleta paraolímpico de judô Rayfran Pontes, de 18 anos. A agressão, que teria sido praticada por ela e outras três pessoas que ainda não foram indiciadas, aconteceu na rodoviária do município de Canaã dos Carajás, no sudeste do Pará. Pontes, que é cego, teve a mão e o braço feridos e, por isso, perdeu a chance de disputar o Mundial na Turquia, em abril deste ano. A acusada responderá por lesão corporal leve.

De acordo com o treinador de Rayfran, Sérgio Soares, a agressão aconteceu por volta das 15h30m da última quinta-feira, quando o atleta tentava voltar de uma visita à casa da irmã, para Parauapebas, onde mora. Pontes foi até a rodoviária e solicitou a emissão de seu passe livre para que pudesse viajar gratuitamente na van, como é seu direito. Inicialmente, a acusada, que é atendente da cooperativa de vans, emitiu o documento, mas depois tentou desfazer a operação, ainda segundo o treinador.

- Quando ele já estava sentado esperando a van, ela retornou e mandou que ele devolvesse o passe porque não tinha direito ao benefício. Ela disse ainda: 'cego não era bem-vindo nessa cidade' - acrescenta o treinador Sérgio Soares.

O atleta ainda teria sido ofendido por três funcionários da cooperativa de vans e reagiu reivindicando seus direitos. Sob protestos, disse que pagaria a passagem. No calor da discussão, ainda de acordo com o treinador de Rayfran, os quatro funcionários da cooperativa passaram a agredir o atleta paraolímpico.

- Eles começaram a empurrar o Rayfran de um lado para o outro e em um desses empurrões ele, como é cego total, ficou sem noção de espaço, e se apoiou no vidro do guichê, onde cortou o dedo da mão direita até o pulso - lamentou o treinador.

Na hora do incidente, o atleta paraolímpico estava em companhia da irmã e de uma sobrinha de 4 anos. Segundo o treinador, na tentativa de defender Rayfran, a irmã dele também foi agredida, com um tapa no rosto.

O coordenador de promoção dos Direitos Humanos da Pessoa com Deficiência da Sejudh (Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos), Antônio Carlos Barros Júnior, cobra rigor da apuração do caso.

- Voltamos à idade da pedra. Estamos acompanhando o caso e queremos que os culpados sejam punidos de forma exemplar - disse.

A Sejudh pede que a acusada responda pelo crime de discriminação.

Segundo Antônio Carlos, esse tipo de agressão não é comum aos portadores de necessidades especiais.

- Não é típico desse segmento ser tratado dessa forma. Temos outros tipos de dificuldade, como a falta de acessibilidade, mas uma situação extrema como essa nos surpreendeu - afirmou.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Justiça aceita denúncia contra delegado que bateu em cadeirante

A Justiça aceitou nesta terça-feira (1º) a denúncia do Ministério Público contra o delegado Damásio Marino, que agrediu um cadeirante em São José dos Campos, a 97 km de São Paulo. Com base no inquérito policial, a Promotoria denunciou o policial por injúria, ameaça e lesão corporal praticados contra o advogado e cadeirante Anatole Magalhães.

No dia 17 de janeiro, o delegado ocupou uma vaga destinada exclusivamente a deficientes físicos perto de um cartório. O advogado reclamou e Marino o ameaçou de morte e o agrediu. A vítima disse ter recebido coronhadas na cabeça e no rosto. O policial, porém, disse ter dado tapas em Magalhães.

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Corregedoria conclui inquérito contra delegado
Delegado que agrediu cadeirante é afastado do cargo
Cadeirante é agredido por delegado que estacionou em vaga exclusiva
Laudos do Instituto Médico-Legal (IML) confirmaram a agressão por um "objeto contundente". O delegado foi afastado do cargo por 30 dias e a Corregedoria da Polícia Civil abriu um processo administrativo. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, após a apuração, o delegado pode ser punido e demitido.

A defesa do delegado disse que não recebeu o mandado de citação no processo. O advogado terá dez dias para se manifestar após a notificação. O processo está na 4ª Vara Criminal de São José dos Campos.