Contato

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Deficientes lidam com dificuldade de locomoção e preconceito

Inúmeros desafios. Quem sofre alguma deficência física se desdobra para se locomover por ruas e avenidas na maioria das cidades brasileiras. Em Piracicaba, a situação não é diferente. Na semana em que a cidade realizou a 6ª edição da Semana da Acessibilidade e Inclusão, o EP Piracicaba mostra a realidade da cadeirante Silvana Montebelli, de 45 anos, que exemplifica a dificuldade de boa parte dos deficientes. Calçadas esburacadas, falta de guias rebaixadas e locais que não possuem sinalização adequada são alguns dos problemas enfrentados diariamente.

Na cidade, foram localizadas até o momento pelo menos 2.087 pessoas com deficiência, inseridas no cadastro único e usuários do Benefício de Prestação Continuada (BPC). É o que aponta a 1ª etapa do Cadastramento Municipal das Pessoas com Deficiência (Camped), realizado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semdes) em parceria com o Centro de Reabilitação (CRP). O início da 2ª etapa do cadastramento está previsto para o próximo mês.

"As calçadas são esburacadas e muitos locais não possuem guias rebaixadas. É completamente impossível para um cadeirante descer por um local que não tenha guia rebaixada. Mesmo os locais que têm, muitas vezes são mal feitos e dificultam bastante que se passe", comenta Silvana, que apesar da dificuldade - nasceu com paralisia cerebral - trabalha diariamente com a venda de cosméticos. O maior obstáculo, no entanto, não está nas ruas ou no transporte público: o preconceito é o que mais incomoda a cadeirante.

"Quando comecei a trabalhar com a venda desses produtos, eu não tinha cliente algum. Tive que ir de porta em porta me apresentando para saber se as pessoas queriam comprar. Certo dia eu toquei a campanhia, uma mulher atendeu e disse que não tinha esmola pra me dar, sem me perguntar nada antes. Só aí eu disse que era vendedora", conta.

Transporte
Quando quer sair e ir a algum local, Silvana conta com a ajuda de um taxista de confiança, que já aprendeu a lidar com os problemas e a ajuda."E quem não pode pagar um taxista como eu posso? Depender dos ônibus é complicado". Piracicaba conta com o Projeto Elevar, que disponibiliza dez veículos para o transporte de pessoas com necessidades especiais."O problema do Elevar é que há muita gente pra pouco veículo, o tempo de espera é muito grande", conta.

De acordo com o secretário municipal de Trânsito e Transportes, Paulo Prates, 50 dos 225 ônibus do transporte público de Piracicaba possuem elevador para atender pessoas com necessidades especiais. Prates disse que, segundo a lei federal n° 10.098. até 2014, 100% da frota terá que ser adaptada com elevador ou plataforma. "Estamos trabalhando para isso ser cumprido até antes desse prazo".

Muito o que fazer
O vereador André Bandeira (PSDB), presidente do Fórum Permanente da Pessoa com Deficiência, disse que Piracicaba já melhorou rezoavelmente na questão da acessibilidade, mas reconhece que ainda há muito a ser feito.Bandeira, diferentemente de Silvana, não é cadeirante desde a infância. Ele perdeu os movimentos após um acidente de carro, há 15 anos. A realidade é completamente diferente e o tempo para se adequar é duro.

"Quando você nasce assim, é difícil, mas não há uma outra experiência. No meu caso, foi complicado para se acostumar. Perde-se a vontade de viver por um momento. Mas aí o tempo passa e a gente vê que é possível sonhar de novo, basta ir atrás disso", falou.

Silvana finaliza reclamando da falta de estrutura das lojas da cidade para receber os portadores de necessidades especiais. De acordo com ela, poucos são os estabelecimentos que possuem sedes adequadas para receber os consumidores.



"Eles têm que entender que nós também somos consumidores. Por que não podemos ir adequadamente até esse lugares? É muito ruim isso. Quando eu quero comprar alguma roupa, eu preciso chamar a vendedora para vir em casa. Chega a ser humilhante, de certa forma".



http://eptv.globo.com/piracicaba/noticias/NOT,1,5,365662,Deficientes+fisicos+buscam+meio+para+driblar+a+dificuldade+de+locomocao.aspx

Firjan apresenta projeto de Calçadas Acessíveis em Nova Iguaçu (RJ)



O Sistema Firjan, em parceria com a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), apresentou no dia 29 de agosto o Projeto "Mobilidade Urbana - Programa Calçada Acessível" aos Conselhos Municipais dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Idosos dos municípios de Mangaratiba, Itaguaí, Seropedica, Paracambi, Japeri, Queimados, Nova Iguaçu, Mesquita e Nilópolis. O propósito do encontro foi mostrar o andamento do trabalho desenvolvido junto às Prefeituras, para que assim o projeto possa ser acompanhado por cada Secretaria Municipal.

Luiz Gustavo Tavares Guimarães, arquiteto regional da ABCP e coordenador do projeto, explicou que o "Calçada Acessível" tem diversas fases. "Atualmente, ocorre a preparação de uma cartilha explicativa de como o projeto pode ser aplicado na prática. No futuro, há a intenção de que isso se torne um decreto, para que seja seguido pelos municípios", explicou Luiz Gustavo.

Em outra etapa, os participantes farão uma vivência de como é andar em uma cadeira de rodas e, ainda, terão os olhos vendados, passando pelas situações encontradas pelas pessoas com deficiência no dia a dia.

O programa teve início em 2010 e tem como finalidade aprimorar o conhecimento das equipes técnicas e trocar experiências sobre acessibilidade, tendo como objetivo a padronização e a qualidade das calçadas. Essa iniciativa é fruto da parceria entre a Firjan e a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e conta com o apoio do Ministério das Cidades, o Ministério Público, o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio de Janeiro (Crea-RJ), Sinduscon-Rio, Bloco Brasil e o Núcleo Pró-acesso da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU/UFRJ).

Fonte: http://www.monitormercantil.com.br/

Projeto de Lei aumenta em 1/3 pena por abandono de pessoa com deficiência



A Câmara analisa o Projeto de Lei 905/11, do deputado Márcio Marinho (PRB-BA), que aumenta em 1/3 as penas do crime de abandono de incapaz se a vítima for uma pessoa com deficiência.

Conforme o Código Penal, a pena prevista para abandono de incapaz varia de seis meses a três anos de detenção. Se o abandono resulta em lesão corporal grave, a pena varia de um a cinco anos de reclusão. Se resulta em morte, a pena varia de quatro a 12 anos de reclusão.

Conforme a proposta, as penas acima serão aumentadas em 1/3 se a vítima for uma pessoa com deficiência.

Atualmente, a pena já em aumentada em 1/3:

- se o abandono ocorre em lugar ermo;
- se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima;
- se a vítima é maior de 60 anos.

O autor da proposta diz que as pessoas com deficiência necessitam de um grau maior de cuidado, e o abandono delas deve ter pena maior.

“A intenção é aumentar o nível de proteção daqueles que têm sua capacidade seja física, mental ou intelectual limitada. Para elevar essa tutela, a proposta é a pena mais severa para aquele agente que faz uso da sua condição de superior para praticar conduta delituosa contra aquele que está sob seus cuidados”, afirma.

Tramitação
A proposta será analisada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e pelo Plenário.

Fonte: 'Agência Câmara de Notícias'

Walmart busca profissionais com deficiência no Nordeste



A rede de varejo Walmart - dona das bandeiras Bompreço, Maxxi Atacado, Hiper Bompreço, Sam's Club e Todo Dia - está com vagas abertas para profissionais com deficiência em suas lojas nos Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Alagoas, Maranhão e Piauí. Os contratados irão atuar como embaladores, operadores de caixa e repositores em lojas das marcas Bompreço, Hiper Bompreço e Todo Dia.

Para se candidatar, não é preciso ter experiência prévia ou tampouco o ensino médio completo. A rede pede apenas disponibilidade e vontade de trabalhar na área. Os contratados terão direito à assistência médica extensiva aos dependentes legais e odontológica, seguro de vida e vale-transporte, além de remuneração de acordo com a média paga hoje pelo setor, conforme informado pelo grupo varejista que preferiu não divulgar o valor exato.

Para o Walmart - que atua no Nordeste por meio de 202 lojas - "uma empresa de varejo sustentável deve ser o reflexo de seu cliente, o que pressupõe aplicar em todos os níveis internos a diversidade do público atendido nas lojas". De acordo com a companhia esta tem sido uma das principais diretrizes de relacionamento com seus funcionários, em ações lideradas pela Diretoria de Diversidade e Desenvolvimento Organizacional, instituída no final de 2007.

"O trabalho da área de diversidade busca promover a mudança de comportamento por meio da compreensão das diferenças, proporcionando um ambiente de trabalho mais saudável e inclusivo", informou a empresa em nota. Nesta tarefa, o desafio da empresa é encontrar soluções que sejam simples, de fácil aplicação e bem adaptáveis a diferentes culturas.

Para se inscrever às vagas, o candidato deve enviar currículo para:
Paraíba: gmonica@wmne.com.br (Mônica)
Maranhão: vlopes@wmne.com.br (Vitalina)
Teresina: scesar@wmne.com.br (César)
Fortaleza: rmorais@wmne.com.br (Rimenna)
Natal: anarodri@wmne.com.br (Ana Amélia)
Maceió: rosecosta@wmne.com.br (Rosejane)
Grande Recife: renatob@wmne.com.br (Renato)

Fonte: http://invertia.terra.com.br/terra-da-diversidade

Guardas civis de Guarulhos aprendem Libras



A Guarda Civil de Guarulhos decidiu investir na preparação de seu efetivo para atender aos 25 mil deficientes auditivos que vivem atualmente na cidade. A medida também ajudará a receber visitantes que visitarem o Brasil na Copa do Mundo de 2014 e nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016.

“O ensino de Libras amplia nosso atendimento ao cidadão e está dentro de uma política de inclusão de pessoas com deficiência”, diz o Secretário Municipal para Assuntos de Segurança Pública, João Dárcio Ribamar Sacchi.

A primeira turma de Libras contou com 90 guardas. Recentemente, eles apresentaram uma peça teatral sobre a abordagem de suspeitos e a orientação de visitantes com destino a pontos turísticos da cidade, como o teatro Adamastor Centro. Até a “Canção da Guarda” foi apresentada ao público na linguagem de sinais.

Formação
Um grupo de trabalho com seis guardas foi constituído para aprimorar os estudos e ajudar a coordenadora, Regina Figueiredo, a difundir a linguagem de sinais na corporação. Uma nova turma deve iniciar as aulas em setembro.

Os profissionais habilitados em Libras portarão uma identificação em suas fardas, com um desenho com duas mãos representando a linguagem de sinais e o símbolo internacional reconhecido por deficientes auditivos.

Cão-guia ainda é sonho distante




Auxiliar na mobilidade e garantir mais segurança e independência ao deficiente visual. Essas são as principais tarefas dos cães-guia, animais que dão vida ativa a quem nasceu cego ou perdeu a visão. O problema é que, no Brasil, esse ainda é um sonho distante. Entidades ligadas ao tema estimam que atualmente existam apenas 80 cães para 1,4 milhão de deficientes em todo o País.

Entre os principais motivos que impedem que mais pessoas tenham um desses animais é o preço. Para treinar um cão, é necessário desembolsar entre R$ 28 mil e R$ 30 mil, que são gastos com alimentação, exames médicos, vacinas e equipamentos, além dos salários e verbas para ajuda de custo dos treinadores. Em muitos casos, os interessados têm que viajar para outros estados ou países em busca de um cão preparado.

As entidades que formam os animais têm de se preocupar também com a escolha das matrizes - o casal reprodutor que dará origem aos filhotes. A coordenadora do Projeto Cão Guia da ADA (Associação Brasiliense de Ações Comunitárias), Maria Lúcia de Campos, explica que o par tem de ser saudável para que a cria apresente menos riscos de doenças hereditárias.

Um dos males que mais acomete os cães de médio e grande portes é a displasia ."Esta doença acomete as articulações, principalmente na região coxo-femural. Isso faz com que acabe a lubrificação e haja um desgaste ósseo, o que causa dor e atrapalha a mobilidade", conta a coordenadora. A doença é avaliada em graus que vão das letras A até E. Para que um cachorro seja utilizado como guia, deve ter até o grau C, no máximo. Para diagnosticar a doença, são feitos diversos diagnósticos por imagem desde o nascimento do animal.

Apesar do alto custo, a coordenadora se queixa da falta de assistência por parte do poder público. "Os governos só demonstram interesse naquilo que dê retorno político." Em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou em abril projeto para a construção de um centro de treinamento de cães-guia na USP (Universidade de São Paulo). O orçamento para a obra é de R$ 2,5 milhões e o prédio terá capacidade para até 92 cães. O prédio só deverá ficar pronto em 2013.

No Grande ABC, cuja população estimada de cegos é 17,5 mil pessoas, existem pelo menos dois cães-guia. Um dos deficientes que conseguiu um animal foi o consultor de informática Luiz Eduardo Porto de Oliveira, 43 anos, de São Caetano. Há três anos ele ganhou a companhia de Harry, um labrador preto treinado em Brasília.

Oliveira ficou cego aos 23 anos, quando foi acometido por uma retinose pigmentar. Desde então, passou a utilizar a bengala como instrumento de auxílio para se locomover. A partir de 2001, iniciou a busca por um cão-guia. Em 2006, entrou na fila de espera do instituto brasiliense, sendo chamado apenas dois anos depois.

Atualmente, o consultor se sente mais seguro para caminhar, o que resulta em independência. "Quem tem o cão-guia, jamais quer voltar para a bengala. Eu faço tudo, tenho uma vida normal", conta. Oliveira ressalta que, desde que começou a contar com Harry, nunca mais caiu ou bateu a cabeça em orelhões, conhecidos vilões dos cegos. "Eles são treinados para desviar de obstáculos aéreos."

Reação ainda é de espanto e surpresa
"Nossa, é um cão-guia?" "Que bonitinho! Posso por a mão?" Essas são algumas das reações de quem vê um deficiente visual sendo guiado por um animal pelas ruas. A equipe do Diário andou por cerca de uma hora e meia pelo Centro de São Caetano acompanhada do consultor de informática Luiz Eduardo Porto de Oliveira, 43 anos, e de Harry, o labrador preto que orienta seus passos.

Por lei, os estabelecimentos públicos e privados são obrigados a permitir a entrada desse tipo de animal. Em nenhum dos locais visitados, como shopping, lanchonete e loja de roupas, Harry foi barrado. Mesmo assim, muitos demonstravam espanto ao ver pela primeira vez um cão-guia.

A aposentada Joaquina Ferreira, 72, queria brincar com o labrador. "Adoro animais, na minha casa eu tenho três. Isso é uma coisa abençoada." Ela contou que nunca havia se deparado com um cão-guia em outras ocasiões.

Apesar do temperamento manso e da boa aparência do cão, não é aconselhado fazer carinho no bicho enquanto ele guia alguém. "Isso acaba desconcentrando o cachorro e pondo em risco nossa segurança. As pessoas têm que entender que ele está a trabalho", alerta Oliveira. O consultor diz que nem sempre as orientações são atendidas. "Muitos acham que estamos sendo antipáticos."

Durante a semana, a reportagem também acompanhou os passos de Ema, uma filhote de labrador que está sendo treinada ser guia. Quem acompanha o treinamento é a estudante Vânia Feitosa, 22, que não é deficiente visual. Mesmo ainda não sendo uma cadela formada, Ema também não foi impedida de entrar nos lugares por onde visitou, como lojas e praça de alimentação do Shopping Grand Plaza, em Santo André, e a estação de trem da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), de onde partiu para uma viagem de ida e volta até a Estação de Utinga. Dentro do estabelecimento, a dupla teve dificuldade para caminhar, devido ao grande número de curiosos que as paravam no meio do caminho.

A estudante conta, no entanto, que já teve dificuldades para passear com a cachorra. "No trólebus e no metrô, muitas vezes tentaram nos impedir de entrar. Mas foi só eu mostrar a lei para os funcionários que eles acabaram cedendo. Mesmo assim, foi meio a contragosto", relata.

Ema faz parte de um projeto do Sesi (Serviço Social da Indústria) para treinar novos animais. A ação é fruto de uma parceria com a Fundação Dorina Nowill e o instituto Meus Olhos Têm Quatro Patas. A coordenadora do projeto, Beatriz Canal, informa que o investimento aplicado para a capacitação de 32 cães é de R$ 1 milhão.

Treinamento demora cerca de dois anos
Para que um filhote esteja pronto para guiar uma pessoa, o tempo de treinamento é de aproximadamente dois anos. A capacitação é dividida em três etapas. Na primeira, o animal passa por um processo de socialização. Nesse período, convive com uma família de pessoas sem deficiência, que é incumbida de levar o cachorro para passear em locais de grande circulação para acostumar com o movimento. Esse processo encerra quando o bicho completa um ano.

Em seguida, o animal é levado novamente ao canil, onde passará pelo processo de treinamento. "A ideia do treinamento é mostrar para o cão que o dono é cego e precisa dele. É criar uma consciência. Não é um adestramento como nos cães da polícia, e sim uma educação", explica o economista Luiz Alberto Melchert Silva, presidente do Instituto Meus Olhos Têm Quatro Patas. Esta fase dura entre seis e oito meses.

Na última etapa do treinamento, o cão inicia a convivência com o cego. Nessa etapa, que leva aproximadamente três meses, o deficiente aprende a interpretar os sinais emitidos pelo animal, como alerta de obstáculos, por exemplo.

A presidente do Instituto Iris, Thays Martinez, foi uma das primeiras pessoas a contar com cães-guia no Brasil. Em 2000, passou a ter a companhia de Boris, um labrador amarelo treinado nos Estados Unidos. O cachorro foi aposentado em 2008 e faleceu em 2009. Desde então, Thays passou a conviver com Diesel, um labrador na cor preta.

Ela conta que, antes da criação da lei federal 11.126, de 2005, a dificuldade para entrar com o cachorro nos locais de grande circulação era ainda mais difícil. Ela travou batalha judicial com o Metrô de São Paulo, que não queria deixá-la entrar nas composições com o animal. Foi necessária uma liminar que garantisse o acesso. "Infelizmente, as pessoas têm falta de conhecimento e acabam rejeitando os animais por ignorância."

Fonte: http://www.dgabc.com.br/

domingo, 7 de agosto de 2011

Te Procuro (Minha Princesa)

Nas estrelas
Te procuro.
Nas canções eu me perco.
Suas palavras ainda parecem
murmurarem
Ao pé do meu ouvido.
Te procuro
Sem saber porque,
Te desejo sem culpa...
Para cada estrela
Uma lágrima de saudade...
Uma procura sem fim.
Um amor
Que o tempo não levou,
Que pedaço da minha alma roubou...
Te Procuro
Em Sonhos
Mas só te encontro em pensamentos...
Te procuro
Mas só encontro meu coração
Doendo de saudade de você...
Uma fuga de mim,
Um abandono que me tortura...
Se entrega,
Porque mesmo que fuja
A linda lua cheia será a fuga

de seus olhos...
Volta para o meu coração
E faça de cada estrela
Um novo passo para felicidade.
Renda-se ao nosso amor
Pois não saberei o que é ser feliz
Se Eu Não Te Encontrar...

Projeto de acessibilidade será lançado em João Pessoa

Pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida terão mais oportunidade de acesso a atividades artístico-culturais e esportivas que serão realizadas na orla marítima de João Pessoa.
Isso será possível a partir do termo de cooperação que será assinado na próxima terça-feira (2), às 17h, entre o Governo do Estado, a Prefeitura da Capital e a organização não-governamental AC Social. A solenidade ocorrerá em frente à sede da FCJA, na praia de Cabo Branco.

O projeto “Acesso Cidadão – ao lazer, esporte, arte e cultura” será uma responsabilidade compartilhada entre o Governo do Estado – por meio da Fundação Casa de José Américo e da Fundação Centro Integrado de Apoio ao Portador de Deficiência (Funad) – a Prefeitura Municipal de João Pessoa – por meio da Secretaria de Planejamento – e a ONG AC – Social (Assessoria e Consultoria pela Inclusão Social).

O objetivo da parceria é realizar ações que possibilitem conhecimento e lazer por meio de prática de esportes marítimos e de areia, além de atividades de lazer, saúde, arte e cultura.

Durante a solenidade, haverá apresentação de danças com cadeirantes da Funad, Banda Acredite, do Centro Helena Holanda, e banda Pagode, da Funad. Haverá ainda transmissão ao vivo, pela Rádio Tabajara AM, no programa Acesso Cidadão.

Projeto multi-institucional – Conforme o termo, a FCJA formulará projetos para implantar as adaptações de infraestrutura física de acessibilidade às pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, como rampas, elevadores e instalação de piso tátil. Inserir no contexto daqueles beneficiados a finalidade da FCJA no âmbito de cultura, pesquisa e ensino, especialmente na divulgação da vida e obra do patrono.

A fundação também realizará projetos e eventos artístico-culturais e firmará parcerias com a Funad, Sesc, Apae, Sedes e outras escolas para apresentações artísticas culturais de grupos formados por pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida nos espaços da Fundação Casa de José Américo.

A Funad participará com a oferta de recursos humanos habilitados, colocação de textos em braille em placas, leitores, banners e esculturas; cessão de transportes adaptados para a condução de pessoas com deficiência até o espaço de desenvolvimento do projeto; coordenação de eventos sobre educação e saúde. A ONG AC Social participará com a coordenação da ação dos profissionais responsáveis pela programação de lazer e esporte a ser praticado na praia; desenvolvimento de um portal e difundir nas mídias sociais as ações do Projeto Acesso Cidadão.

Fonte: http://www.paraiba.pb.gov.br/

Projeto isenta pessoas com deficiência das tarifas de água e luz

Tramita na Câmara o Projeto de Lei 644/11, do deputado José Chaves (PTB-PE), que isenta as famílias de pessoas com deficiência do pagamento das tarifas de energia elétrica, água e esgoto.

Pelo texto, para ter direito ao benefício, as famílias devem residir em casa de 50 m2, no máximo, e ter renda mensal per capita de meio salário mínimo. A isenção começa a vigorar 90 dias após a solicitação do benefício. As empresas prestadoras dos serviços poderão solicitar da União o reembolso dos valores que deixaram de receber.

Chaves considera a proposta um instrumento de grande impacto social, que fará justiça a pessoas com deficiência e suas famílias. Ele cita dados do IBGE segundo os quais, no ano 2000, o Brasil possuía 24,6 milhões de pessoas com deficiência – 14,5% da população.

Tramitação
A proposta foi apensada ao PL 3245/08, que cria tarifa social para subsidiar a prestação de serviços públicos essenciais aos consumidores de baixa renda. Os projetos serão analisados pelas comissões de Trabalho, Administração e Serviço Público; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Depois, seguirão para o Plenário.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

YouTube dará suporte a deficientes auditivos através de legenda

O YouTube tornará acessível aos deficientes auditivos mais de 10 milhões de vídeos. A empresa, que foi comprada pelo Google em 2006, vai inserir legendas automáticas em parte do material publicado no site multimídia. O sistema usará a tecnologia do reconhecimento da fala, provavelmente o maior experimento no segmento realizado até o momento. A adaptação acontecerá, primeiramente, em uma pequena base de vídeos publicados no YouTube.

“A principal parte do DNA do YouTube é o acesso aos seus conteúdos”, explicou Hunter Walk, diretor de gestão de produtos da empresa. Abrir esse conteúdo para os deficientes auditivos é democratizar a informação e ajudar a promover uma maior colaboração e entendimento, disse Walk sobre o projeto de inclusão.

Inicialmente a ferramenta será inserida apenas em vídeos em inglês, entretanto a expectativa é de que versões para outros idiomas sejam lançadas nos próximos meses. Em novembro de 2009, o YouTube começou a realizar os primeiros testes da ferramenta junto a parceiros, como a Universidade da Califórnia, Universidade de Berkley, Universidade de Yale e National Geographic.

Solução – A tecnologia por trás do reconhecimento da fala tem mais de 50 anos, mas só agora está aprimorada o bastante para ser usada em larga escala, explicou Mike Cohen, engenheiro do Google. “Eu tenho trabalhado com essa tecnologia há 25 anos”, completou o engenheiro. Cohen disse que atuou no projeto resolvendo uma variedade de problemas que incluía variação de sotaque, barulho externo, variação de linguagem, pronúncia, etc.

O sistema ainda não está perfeito. Durante uma apresentação realizada por Ken Harrenstien, outro engenheiro do Google, o software trocou as palavras sim card por salmão, quando o executivo Vic Gundotra se referiu a uma reunião entre desenvolvedores. Harrenstien tem trabalhado na tecnologia ao longo dos últimos 5 anos. Como parte da população que sofre de alguma deficiência auditiva, o engenheiro encara o lançamento da ferramenta como uma conquista pessoal.

Recepção - A reação dos deficientes frente ao anúncio do sistema de legendas automáticas foi bastante positivo. Estudantes de uma escola especializada, na Califórnia, produziram um vídeo para mostrar o quão é importante uma ferramenta como essa para eles. “Nos sentimos como parte do mundo. Nos sentíamos excluídos”, disse Angel Harrington. “Agora podemos entender completamente o que está a nossa volta. É como se estivéssemos em um campo e todos fossemos iguais”, completou a estudante.

Ben Hubbard, da Universidade de Berkeley, disse que essa ferramenta abrirá caminhos para que mais de 500 cursos on-line sejam oferecidos a deficientes auditivos.

Legendas e legendas ocultas (Closed Caption)

Inclua várias faixas de legenda ou legenda oculta nos seus vídeos
O recurso de Legenda permite ajudar os espectadores a entender melhor o vídeo. A inclusão de legendas torna os vídeos mais acessíveis às pessoas que não conseguem acompanhar o áudio — seja porque falam outro idioma ou porque são surdos ou têm problemas auditivos.

Como posso começar?
Para incluir legendas em um vídeo seu, envie um arquivo de legenda oculta através do menu “Legendas” da página de edição. Para saber mais sobre como adicionar arquivos de legenda, como em qual formato os arquivos devem ser enviados, leiaeste artigo da Central de Ajuda.

Como faço para ver as legendas ocultas de um vídeo?
Para pesquisar vídeos com legenda oculta, escolha “Tipo: Legenda oculta” na pesquisa do YouTube. Clique aqui para ver um exemplo. Em vídeos com legenda oculta, este logotipo aparece pequeno na parte inferior do player

Se o vídeo tiver legenda oculta, você pode ativá-la ao clicar no botão do menu, localizado na parte inferior direita do player do vídeo. Esse botão também permite que você escolha a faixa de legenda que deseja ver. Encontre mais exemplos aqui.

Como faço para traduzir as legendas ocultas de um vídeo?
Se as legendas ocultas estiverem disponíveis em um idioma que não seja o de sua preferência, você pode experimentar o recurso de tradução automática. Abra o menu de legendas ocultas como se fosse escolher uma faixa de legenda, mas clique no botão “Traduzir…”.

O que mais eu preciso saber sobre a legenda oculta?
É possível pesquisar as legendas, portanto legendas corretas ajudarão as pessoas a encontrar seus vídeos. Além de escolher uma faixa de legenda no submenu, também é possível controlar as legendas com vários atalhos do teclado:

Aumentar o tamanho do texto: pressione a tecla “+”
Diminuir o tamanho do texto: pressione a tecla “-”
Alterar o plano de fundo: pressione a tecla “B” ou “b”

Fonte: http://turismoadaptado.wordpress.com/

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Os expedientes de José

Os expedientes de José


Divertido, provocador, Zé Leite manda recados. Aos médicos, para que não se limitem a indicar fraldões aos paraplégicos. Aos engenheiros, para que façam rampas. Aos políticos, oferece sua cadeira, para que saibam como é que é

José Marcos Lopes e José Carlos Fernandes

Desde meados da década de 80, o ex-garçom José Aparecido Leite, 48 anos, não enxerga e não anda. Neste tempo, enfrentou as agruras da deficiência, contra a qual já soltou toda sorte de impropérios. Pa­­la­­vrões, aliás, são uma de suas es­­pecialidades, ao lado da pregação de peças. “Eu era namorador e me sentia um cara livre. De repente... Pô, ainda me deprimo”, admite, entre uma pausa e outra nos risos que costuma provocar.

Num de seus piores momentos, uma professora de escola especial lhe pediu que fizesse uma escultura em sabonete. José tinha mais de 21 anos e entendeu que precisava encontrar uma cura para suas insatisfações. Foi o que fez: pediu que o levassem ao ponto do ônibus mais próximo, dando partida ali – a bordo de uma cadeira de rodas que mal pode pilotar sozinho – a uma impressionante trajetória de militante das políticas de inclusão.

Hoje, faltam dedos nas mãos para contar o número de iniciativas a que está ligado. É membro de cinco conselhos e de uma associação, incluindo o Conselho Estadual das Pessoas com Deficiência e o Conselho Gestor do Fundo Na­­cional de Habitação de Interesse Social. Já esteve ligado ao Mi­­nistério das Cidades. E tem na ponta da língua resoluções e portarias.

Não por menos, é procurado por portadores de necessidades em busca de direitos. Mas também por jovens às voltas com os dilemas da sexualidade e do isolamento. Não nega fogo. Desbocado, mas bem informado, tornou o mundo de quem não anda ou não enxerga, como ele, menos sombrio. Em tempo: Zé Leite dispensa o atestado de invalidez. É operário da causa e defende uma ideia fixa: a independência dos que carregam toda e qualquer limitação física.

Leite deu entrevista na casa em que vive com os pais, Ana e Laércio, em Colombo, na região metropolitana de Curitiba.

Zé, você caiu de um viaduto, ficou cego e paraplégico. Ainda dá para rir?

Um dia, chamei minha namorada e fomos tomar uma cerveja com um amigo, no Capão Raso. Eu conhecia a casa dele, porque tinha ido lá antes de ficar cego. Um outro conhecido que estava lá brincou com a moça: “Larga do Zé, dá um murro na cara de­le...” Não falei nada. Saí, abri uma gaveta e pe­­guei uma faca. Vol­tei para a sala e gritei: “Dá um murro... Vou dar facada até no capeta ...” Até o dono da casa correu. [risos]

Boa, tem mais uma...

Quan­­do o Na­­zareth tocou em Curitiba, fomos em grupo. O motorista era o James de Paula França, tetraplégico. Os caronas, eu, cadeirante, um que usa muletas e outro que usa muleta canadense. Saímos de lá às 3 horas da manhã, som alto e entramos na contramão. A polícia veio atrás. A gente com medo deles e eles com medo da gente. Apon­taram armas e meteram lanterna na nossa cara: “Desce todo mundo com a mão no capô...” [pausa] “Por que vocês não descem?” A gente teve de responder...

O que mais irrita nessa condição?

Quando a gente fica paraplégico, a primeira coisa que perguntam é: “E o pinto, ainda está funcionando?” Um cadeirante se separa da mulher e alguém diz: “Não dava mais nada...” Poxa, naquele mesmo cartório, sei lá, 18 casais que andavam também se separaram. Outra coisa incômoda é quando o deficiente está digitando e alguém fala: “É um exemplo de vida”. É sempre essa mesma ladainha.

Jovens deficientes o procuram?

Sim, principalmente para saber de direitos. Também me perguntam muito sobre sexualidade. Acontece o seguinte: a mãe fala para a menina deficiente de 14 anos que namorar é feio. E ela vê a irmã dando um amasso. Só para ela é feio? Faço palestras e digo que nós podemos fazer sexo. Fazer amor não é só penetração. É um tema tabu.

Do que você sente muita falta?

De ver como meus irmãos e meus pais estão. Quando me acidentei, meu irmão mais novo ti­­nha 18 anos. Hoje tem 40. Eu tinha sonhos que já morreram, como conhecer o Pantanal e o fundo do mar. Sem enxergar, não faz sentido.

Como sua revolta se manifesta?

Não me conformo até hoje, mas não sou mais de virar o bicho. Às vezes, dá muita depressão. Nos meus sonhos não sou cego. Quan­do acordo, penso: “Putz, eu não enxergo já faz 28 anos”. Mas tenho atividades, converso com um, outro vem e brinca. Nós deficientes tiramos sarro um do outro. Mas só a gente pode... [risos]

José Aparecido Leite já teve seu “dia de fúria”?

Certa vez, se pudesse, eu teria grudado no pescoço de um cara. [risos] Imagine eu com uma cadeira de pneu maciço, saindo de Colombo às 5h30, com pai e mãe, para ir ao Hospital de Clínicas fazer tratamento. A médica me atendeu às 14h30. Na saída estava garoando. Garoa no paralelepípedo. Eu com fome. O ônibus lotado. Na descida, tinha de tirar a cadeira no meio da multidão. Um motorista que estava de carona falou: “Também, fica trazendo a mudança no ônibus”. Fiquei vermelho. Se encostasse sairia veneno pra todo lado. Disse: “Se pode trazer um cavalo como você, por que não a minha cadeira?” Pô, eu molhado, cansado, sofrendo e o cara vem encher o saco?

Como era o Zé antes do acidente...

Um sujeito que começou a trabalhar aos 12 anos, numa farmácia. Aos 13, vim para Curitiba e me empreguei em escritório, fábrica, vendi livros, servi em restaurantes. Não conseguia ficar sem dinheiro e não achava justo pegar do meu pai, pedreiro, ou da minha mãe, costureira. Quando estava para completar 21 anos, me acidentei... Eu era um cara ativo e a vida tinha acabado para mim.

O que aconteceu exatamente?

Uma brincadeira. Caí do viaduto da Inácio Lustosa, perto da antiga Telepar. Era meia-noite de 25 de outubro de 1983. Estava com um grupo de amigos e não havia mais ônibus para as meninas irem embora. Inventei de encostar a cintura na grade, erguer as pernas e dizer: “Vou pular...” Não lembro de meu corpo bater no chão.

Quando se deu conta de que tinha perdido a visão?

Minha cabeça ficou moída. Os mé­­dicos falavam: “Se operar ele vai morrer. Se não operar, vai morrer também”. Operei e estou aqui. Ami­­gos iam no hospital e eu pensava que estava enxergando, a gente guarda a imagem. Uns 15 dias depois percebi que estava cego. No início pensava: “Vou voltar a enxergar.” Mas passou um mês, dois meses e a visão não voltou.

E a outra parte da história...

Dois anos depois, começou a doer minha coluna. O médico disse que era cólica de rim, me deu Buscopan e mandou para casa. Dias depois amanheci com a bexiga travada e a perna formigando. Estava paralisado da cintura para baixo. Desco­briram que eu tinha uma infecção medular. Me dei conta do estrago: eu vinha de uma família humilde, morava em uma casa de madeira e sem acessibilidade... Reagi. Fui para uma escola especial. Só que a maioria dos alunos era criança. E me tratavam como criança. No Dias das Mães me mandaram fazer um bonequinho de sabonete.

Sua família reagia como?

Eu estava no quarto e pedia: “Traz a comadre que eu quero fazer xixi”. Minha mãe ia e vinha. “Va­­mos almoçar?” O melhor pedaço de carne vai para o ceguinho. Por que o tratamento tem de ser diferente? O deficiente é igual, mas muitos estão guardados em casa. Quer ver deficiente tomar banho, basta visitá-lo. A gente pergunta se ele está e escuta: “Não, tá tomando banho.” É mentira. Tem de conscientizar a família. Entendi que eu não podia ficar parado.

Como começou a militância?

Havia aqui em Colombo um cadeirante chamado Pelegrin Felipe Cavasin [da Central de Movimentos Populares, morto em 2002]. Eu não fazia nada, não saía de casa, mas o Pelegrin deu de me levar em viagem e até fundamos juntos a Apae da cidade. Um dia ele me disse: “Zé, você é um cara de luta. Poderia ser conselheiro da Saúde.” Fui duas ou três vezes conselheiro estadual, várias vezes municipal... Pode ser que eu não vá usar as coisas pelas quais luto, mas alguém vai.

Qual foi sua maior alegria nesse trabalho pela inclusão?

A regulamentação das leis de acessibilidade, na 1.ª Conferência das Cidades, em 2004. Eu imaginava, é verdade, que tudo estaria bem melhor hoje. Os prazos do decreto [5.296, que regulamenta as leis anteriores] já terminaram e o pessoal não cumpre. Mas em vista do que era... Onde a gente via um banheiro acessível? Uma rampa? Hoje tem símbolo do deficiente no shopping. Mas as calçadas de Curitiba continuam horríveis.

Como o Zé Leite vai para o Centro de Curitiba?

Alguém me leva até o ponto. Alguém me espera no Terminal Guadalupe. Desço e é aquela “coisa mais linda do mundo”: o Gua­dalupe “cheio de acessibilidade”. O papel do banheiro continua no lu­­gar errado. Como pegar estando sentado no vaso? Por telepatia: “Vem papel”. Antes o ba­­nheiro era só para de­­ficientes. Ago­­ra, motoristas e funcionários podem usar. Como nós paraplégicos não controlamos o esfíncter, se tiver gente na frente, tem de fazer na calça.

Um prefeito de Bogotá disse que todo gestor devia andar de cadeira de rodas um dia. O que acha?

Só vai sentir o que é a cadeira de rodas quem sentar numa. Tem gente que acha fácil: “Ele anda por tudo...”, dizem. Mas tem de ser atleta. Falta humildade para os engenheiros. Se não entendem de acessibilidade, perguntem a quem sabe. Quando precisamos de uma rampa, cortam o meio-fio. Isso não é rampa, é guia rebaixada. É para carro. Na hora em que a gente desce, a rodinha da frente bate naquela valetinha que fica no asfalto e o cadeirante cai de bruços.

Vocês se veem como minoria?

Somando pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida temporariamente somos uns 30 milhões de brasileiros. O IBGE diz que 14,5% da população é deficiente. Só que a última contagem foi feita por amostragem. Em Curitiba é difícil saber. Os hospitais não têm um protocolo informando quem lesou a medula, quem rompeu o nervo ótico. Só temos o cadastro da FAS [Fundação de Ação Social]. Já pedimos para o governador fazer a contagem, mas ele preferiu contar as vacas gordas, que dão mais lucro.
É uma burrice do estado...

A cada dia que um deficiente passa na cama, o município e o estado gastam mais. O deficiente vai atrofiar, criar escara, ter infecção. Se alguém que chegou ao hospital ficou deficiente, deve sair com uma cadeira de rodas, continuar estudando, não parar no tempo. O problema já começa na carteira profissional: “aposentado por invalidez”. Essa palavra nos quebra. Se estivesse escrito: “Impedido de trabalhar como garçom”. Ora, o sujeito pode ser digitador, ascensorista... Inválido é quem não presta para mais nada.