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sábado, 19 de maio de 2012

Software usa música para tratamento de crianças deficientes

Para desenvolver o potencial de aprendizado ao máximo, crianças com deficiência física ou cognitiva precisam de ferramentas adequadas às suas necessidades especiais. O investimento, contudo, costuma ser elevado, o que dificulta o acesso a boa parte das associações assistenciais e famílias. Para superar a dificuldade, uma pesquisadora do Laboratório de Sistemas Integrados (LSI) da Escola Politécnica (Poli) da USP elaborou um software gratuito que utiliza a musicoterapia na reabilitação de deficientes. Requer apenas computador com áudio, webcam e impressora para funcionar. Pode ser baixado no endereço www.tec-edulivre.com.br .







Software requer apenas computador com áudio, webcam e impressoraO funcionamento é simples. Quadrados de papel com os nomes das notas musicais (dó, ré, mi, etc) são espalhados sobre uma superfície, como uma mesa ou o chão, dentro do enquadramento da webcam. A criança toca o papel e, em seguida, o computador emite a nota musical correspondente. No monitor de vídeo, cubos coloridos aparecem sobre a imagem real, numa tecnologia chamada de realidade aumentada – a projeção de elementos virtuais sobre o real. Por meio dos cubos, dá para seguir sequências musicais pré-determinadas pelo programa – além de, claro, usar a criatividade para brincar de Beethoven.


Chamado de GenVirtual, o software foi inspirado pelo brinquedo Genius, famoso na década de 1980, que utilizava botões coloridos para construir sequências musicais. Mais que divertir, a versão criada pela engenheira Ana Grasielle Dionísio Corrêa utiliza a terapia por meio da música para estimular atenção, concentração e memorização de cores e sons nas crianças deficientes.Também ajuda o aprendizado motor com execução e repetição de movimentos realizados com os membros.


O programa permite que o terapeuta realize o planejamento motor para cada criança, com base nas limitações físicas. Isso é possível pela disposição livre de marcadores sobre a superfície onde ocorre a interação. Os cartões não precisam estar em ordem nenhuma e podem ser impressos no tamanho mais adequado para o usuário. O GenVirtual pode ser utilizado em casa sem precisar de muitos recursos, com base em orientações prévias do musicoterapeuta. Assim a reabilitação não se limita às clínicas.


Desenvolvimento


No começo, os cartões traziam desenhos abstratos. Durante o desenvolvimento da pesquisa, verificou-se que as crianças entendiam melhor se as notas musicais fossem representadas pelos nomes. O mesmo ocorreu com instrumentos musicais, que podem ser alterados no decorrer da música da mesma maneira que as notas musicais.


Mudanças como essas foram feitas com a ajuda dos usuários. “A elaboração da versão inicial do programa durou apenas alguns meses. Os anos seguintes foram dedicados a aperfeiçoar o sistema por meio de testes de interação contínuos feito por crianças, familiares e musicoterapeutas”, explica Ana Grasielle, que teve a orientação da professora Roseli de Deus Lopes.


A pesquisadora contou com o apoio da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e da Associação Brasileira de Distrofia Muscular (ABDIM). “Foi uma troca intensa de aprendizados. Eu visitei as instituições inúmeras vezes, e os terapeutas de lá vieram até a universidade para ajudar na elaboração do trabalho”, conta. O GenVirtual também está sendo utilizado com sucesso por terapeutas de Hokkaido, no norte do Japão.


O uso não se limita a crianças com deficiências. Com a ajuda de universitários da Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde leciona, Ana Grasielle desenvolveu a expansão de jogos interativos para identificar sons dos animais e notas musicais. As possibilidades para novos acréscimos continuam.


Fonte: USP - Redação: Kelvin

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